quinta-feira, 28 março, 2024 19:51

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Por que o Google mudou o logotipo de seu serviço de buscas

O Google mudou seu logotipo. A mudança suaviza algumas das características das letras coloridas da marca.

A empresa disse que a mudança foi necessária porque muito mais pessoas estão acessando o site por meio de telefones celulares ao invés de computadores do tipo desktop.

A mudança ocorre depois do Google colocar muitas de suas divisões sob o guarda-chuva de uma companhia chamada Alphabet.

A empresa disse que o logo, e suas muitas variações, funcionariam melhor nos diferentes tamanhos de telas de celulares. Também afirmou que usaria quatro pontos em sua assinatura, nas cores azul, vermelho, amarelo e verde – além de uma letra G multicolorida.

As mudanças foram anunciadas por meio de animações apresentadas no site de busca. O novo logotipo foi classificado como “simples, despojado, colorido, amigável”.

A última renovação da marca havia ocorrido em setembro de 2013.

Campanha tenta combater preconceito nas buscas do Google

Parecem xingamentos odiosos e isolados, mas eles são mais comuns do que se pode imaginar. Tão comuns, que são as primeiras definições que o buscador mais famoso do mundo, o Google, sugere quando alguém tenta pesquisar essas nacionalidades na internet – e as sugestões do Google são, como ele próprio define, “um reflexo daquilo que outras pessoas estão pesquisando”.

Foram pesquisas simples assim que despertaram a atenção de dois publicitários brasileiros para um fato recorrente: o ódio em comum a todas as nacionalidades. “Eu percebi que quando digitava uma nacionalidade no Google, ele completava com coisas negativas. Pesquisei ‘brasileiros’ e só veio coisa negativa. Mas depois fui colocando outras nacionalidades e era sempre negativo”, contou Tiago Abreu à BBC Brasil. Ao perceber isso, ele teve uma ideia.

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Ao lado do amigo e também publicitário Linus Oura, Tiago criou o projeto ” People Are Equal” – Pessoas São Iguais, na tradução livre – que tem como objetivo confrontar as opiniões “odiosas” que aparecem no Google mundial (por isso as buscas em inglês) sobre cada nacionalidade com um retrato de pessoas que fazem parte daquele povo.

“A verdade é que o Google apenas registra as opiniões mais buscadas, para sugerir a continuação mais provável de sua frase. Então, somos nós mesmos que pensamos e buscamos esses estereótipos.”

“A ideia é criar uma reflexão sobre nós mesmos, sobre o que achamos uns dos outros. Tanto como povo ‘estereotipado’, quanto como ‘estereotipador’. Não só como povo retratado, mas como ser humano que ajuda a reverberar tudo isso.”

“A gente começou a pegar retratos de pessoas para confrontar essas opiniões, pra confrontar o indivíduo com o povo que ele faz parte. No fim, você tem a foto de uma pessoa daquele país e a opinião do mundo sobre aquele país, e aí você mesmo tira suas conclusões”, explicou Tiago.

As previsões do preenchimento automático do Google são geradas automaticamente por um algoritmo, sem qualquer envolvimento humano, segundo explica o suporte online do próprio buscador. “O algoritmo é baseado em uma série de fatores objetivos, como a frequência com que os usuários anteriores pesquisaram uma palavra.”

Fotos

Para viabilizar o projeto, Tiago e Linus buscaram retratos de pessoas de diferentes países na rede social Flickr e também recorreram a amigos. Depois de dois meses e muitos e-mails trocados com fotógrafos do mundo inteiro, eles conseguiram reunir retratos de 45 países para confrontar com as opiniões que o Google sugere sobre aqueles povos.

“A gente não quer direcionar o que a pessoa vai achar. É para elas próprias tirarem suas conclusões. A única reflexão que existe no projeto é o nome dele. Ao mesmo tempo que temos as nossas diferenças, temos algo em comum ao espalhar esses estereótipos”, observou Tiago. “O mundo inteiro se odeia por igual.”

Resultados

Tiago conta que algumas palavras são bem recorrentes em buscas por nacionalidades no Google, como “lazy” (preguiçoso), “evil” (mau) e “ugly” (feio). Além disso, ele diz que também é comum achar resultados relacionados à raça, como “o povo tal é branco” ou “o povo tal é negro”.

“Um resultado que eu achei curioso é o dos russos. ‘Russos são os brancos mais assustadores’ e ‘Russos são os negros dos brancos’. Está cheio de preconceito aí. Tanto os americanos quanto os norte-coreanos são associados a ‘lavagem cerebral’, o que é bem interessante também”, comentou Tiago.

“Há opiniões muito curiosas, que você fica imaginando de onde veio. ‘Estonianos são lentos’, por exemplo. De onde veio isso? E é interessante também que há países sobre os quais não aparece nada, ou seja, ‘ninguém’ tem opinião sobre eles ainda” observou.

Além do site, que foi feito em inglês para ser internacional e ‘falar com mais gente’, Tiago e Linus administram também uma página no Facebook onde divulgam os retratos do projeto. Segundo eles, a aceitação dos fotógrafos tem sido muito boa e a ideia é que a página seja cada vez mais colaborativa.

“As fotos passam por uma curadoria para serem adequadas ao padrão estético que criamos. Mas a ideia é que seja cada vez mais colaborativo. Temos um e-mail divulgado na página, e os fotógrafos já têm entrado em contato conosco para mandar as fotos que eles têm.”

O objetivo dos publicitários é chegar a reunir fotos dos 192 países do mundo. E eles reforçam que não querem ‘mudar os resultados no Google’, mas, sim, causar uma reflexão sobre eles.

“O fato de trazer retratos e não fotos de grupo de pessoas é oferecer um contraponto com a opinião fria que o Google dá. Quando você traz uma pessoa de verdade, uma só, você provoca a reflexão: será que essa pessoa é assim, será que ela merece esse julgamento? A intenção é essa, humanizar a pesquisa do Google.”