quinta-feira, 28 março, 2024 04:10

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Companhias aéreas adotam novas medidas de segurança em voos para EUA

Os passageiros com destino aos EUA, que viajam em voos provenientes dos aeroportos de todo o mundo, passaram esta quinta-feira a ser alvo de novas medidas de segurança e questões.

Os passageiros com destino aos EUA, que viajam em voos provenientes dos aeroportos de todo o mundo, passaram a ser alvo de novas medidas de segurança e questões, incluindo sobre os seus ‘hobbies’ e hábitos de fazer a mala.

A administração Trump está a requerer às companhias aéreas nacionais e estrangeiras para adotarem medidas de segurança em todos os voos para os Estados Unidos. Todos os passageiros, norte-americanos e estrangeiros, estão sujeitos a novos protocolos, que entraram em vigor na quinta-feira. Os novos procedimentos cobrem cerca de 2.100 voos diários de todo o mundo para os Estados Unidos. Mas a forma como cada companhia aérea implementa a medida varia, e alguns dos procedimentos já entraram em vigor antes noutras partes do mundo.

Embora alguns passageiros tenham descrito momentos tensos e longas filas, não houve relatos de grandes disrupções nas viagens internacionais na quinta-feira.

Mantém-se, no entanto, alguma confusão sobre as novas regulações, com as companhias aéreas a descreverem diferentes métodos de implementação e algumas a dizerem que pediram autorização para atrasar a respetiva entrada em vigor até ao próximo ano.

Todd Gilliland, 40 anos, aterrou no aeroporto de O’Hare, em Chicago, proveniente do Uganda, onde ele e a mulher gerem uma escola para crianças carenciadas. Viajou para os Estados Unidos a partir de Bruxelas, onde disse ter notado mais questões e mais agentes de segurança do que antes, sem que tivesse sido antes informado pela companhia aérea das novas medidas.

Disse ter ficado surpreendido pelo tipo de perguntas antes do embarque: “Perguntaram-me qual é o meu trabalho e eu perguntei porque é que isso era relevante. Então, o homem começa: ‘Estás a ser difícil”. E eu respondi: ‘Rapaz, tu estás a ser terrivelmente rude’. Ele disse: ‘Tu não estás a colaborar’. E eu disse, ‘tudo bem’”.

Gilliland afirmou, não obstante, que o responsável da segurança não insistiu numa resposta, nem o colocou noutra fila ou tomou qualquer medida.

No aeroporto internacional do Dubai, o mais movimentado em termos de voos internacionais, a transportadora Emirates começou a questionar os passageiros sobre a sua bagagem, líquidos, e destino de origem. Os passageiros tiveram as suas bagagens de mão revistadas, assim como os seus equipamentos eletrónicos.

A Air France disse que iria fornecer questionários para todos os passageiros com destino aos EUA preencherem.

Já os passageiros da Singapore Airlines podem ser obrigados a “sofrer medidas de segurança mais rigorosas”, incluindo inspeção de dispositivos eletrónicos pessoais, “bem como questionários de segurança durante o ‘check-in’ e embarque”, informou a transportadora no seu site.

Outras operadoras que anunciaram novas regras são a Cathay Pacific Airways, com sede em Hong Kong, e as companhias aéreas do grupo alemão Lufthansa e a EgyptAir.

A Korean Air Lines, Asiana Airlines e Royal Jordanian disseram que foram dispensadas de implementar as novas medidas até ao início do próximo ano.

No aeroporto Newark Liberty International, em Newark, Nova Jersey, Alexander Wegner, um turista alemão que viajou num voo da Lufthansa, disse que estava surpreendido pela natureza de algumas das questões com que foi abordado no seu voo.

“Do meu ponto de vista, foi uma inconveniência. É inútil. Qualquer pessoa pode responder a esse tipo de questões. Qual é o teu hobby? Jogging. Ah, ok. Isso é interessante. Para quê?”, afirmou.

Chris McGinnis, um consultor de viagens internacional do Travel Skills Group, disse que as novas medidas eram implementadas durante um período tradicionalmente baixo para viagens internacionais, de forma a facilitar a transição. Além disso, observou que em alguns países onde o tráfico de droga e o terrorismo são preocupações, as companhias aéreas já questionam há muito tempo os passageiros com destino aos EUA.

“Eles não estão à procura das respostas certas. Eles estão à procura de comportamentos suspeitos, se ficas a suar de forma anormal, podes ser sujeito a um exame mais minucioso”, disse McGinnis.

A novidade é que tais medidas estão agora a ser aplicadas em todos os países.

“Penso que muitos viajantes de negócios vão ficar surpreendidos porque eles estão habituados a ter uma passagem rápida no aeroporto”, afirmou McGinnis. “O meu conselho é que, a curto prazo, vão um pouco mais cedo. Mas eventualmente vão habituar-se”, acrescentou.